As vezes eu vejo que ela começa a ir embora, mas ela volta. Acho que sempre bate nela aquela coragem esquisita que a faz levantar da cama, arrumar as malas e pegar o primeiro ônibus que passar. Mesmo que seja um que vá na direção contrária da rodoviária, só pra algum lugar onde ela possa sentar, respirar fundo e sentir o vento batendo no rosto, para que depois de uma ou duas horas volte para casa, de onde sabe que nunca devia ter saído. Sabe, as vezes realmente acho que devia impulsioná-la a se arriscar e quem sabe ficar mais tempo fora, mas ela criou sua zona de conforto ao meu redor, me forçando a protegê-la. Não que isso seja algo complexo ou doloroso, pelo contrário, é confortante e saudável. Acho que no fundo, acabei me acostumando a vê-la tentar ir embora, e ficar desejando pesadamente, que a cada vez que ela vá, volte mais rápido, até que nunca mais precise ir. O grande X da questão, é que ela acabou mudando cada mísero detalhe dentro de mim. Acabou tirando todas minhas peças do lugar, e as encaixando da forma que lhe era conveniente. Essa moça, que lembra Capitu, sempre fora bem egoísta sobre isso. Sabe, as vezes eu acho que gosto quando ela vai embora. Mas, sempre tenho certeza de que amo quando ela volta.