E então, como se fosse algo habitual e simples, ela olhou para ele. Olhos pesados, apagados, mórbidos e embargados. De certa forma, mortos. ele se sentiu sufocado. Um olhar o sufocará. Sentiu culpa, desanimo e fraqueza. Como se a culpa pertencesse a ele. Pertencia. Seus olhos vivos, cintilantes e acolhedores não conseguiram gitá-la por muito. Desviou, coçou a cabeça e pensou em algo que pudesse tirá-lo dali. Foi fraco e cínico. perguntou como ela estava. Ela arqueou as sobrancelhas  e sorriu. Um sorriso apagado , e como ela, morto, mas enganaria a situação, e enganou. Ela se fez de forte e mentiu. Disse que estava bem, e se sentiu na obrigação de acreditar. Acreditou por um segundo e logo depois esqueceu. Fraquejou, como sempre. Ele quis sorrir, mas dada a situação, nem conseguia mais. Ela, em apenas alguns segundos perto dele, roubou-lhe a alegria. " Alguns segundos ! " pensou ela, "ele pode suportar... Suportei uma vida inteira !". Ela disfarçou. Esperavam um elevador, apertou novamente o botão, mesmo sabendo que isso não mudaria a velocidade da cabine. Seu objetivo era deixar claro sua pressa em sair de perto dele. Dóia. Ele fingiu que não viu, e como um tolo, quis saber de sua vida. Ela contou algo fútil, disse que enfim conseguira entrar no curso que almejara. Perguntou de volta e ouviu dele que estava noivo. Seus olhos quiseram marejar. "Cretino" sibilou, e pensou. " me diz isso como se nada além dele importasse! Ele está feliz, que todos nós gozemos! Cretino medíocre!" mas ao invés disto, apenas disse, Fico feliz. Seus grandes olhos castanhos a olharam e por um segundo, ele a quis abraçar. Não porque ela expressara sua tristeza, pelo contrario,  seu rosto estava imparcial, mas porque de alguma forma, ele ainda era o único que conseguia sentí-la. Sentir o que sentia. A diferença era que a fraqueza dele, há muito, se tornara a força dela. Um completava o outro, de uma forma excêntrica. Um salvaria o outro. Enquanto ele a fitava, ela sentia seus olhos pesados em suas costas, mas ela se recusou a olhar. Seria forte. Precisava. "Talvez eu devesse abraçá-la" ele meditou, "não... ela não iria gostas. ME ODEIA! !" ele a fitou no silencio que se tomou e ela o encarou, por um espelinho caído da bolsa de alguém, junto ao elevador que parecia não chegar nunca. Se olhavam... Crente que o outro não sabia. Ela queria sair. Ele queria se salvar. Talvez pelo fato de que ele não sabia como se salvar, achou que tinha o direito de usar quem fosse, da forma que quisesse. Esse foi o erro que o fez perdê-la.