Os acordes se aprofundavam por dentro , enquanto eu acelerava a melodia.O piano parecia parte de mim.
Por fora, uma grande caixa de madeira maciça, por dentro, minha pequena caixa de sonhos. Lembro, quando apenas com uns 10 anos, vi este velho piano passando pela porta dos fundos. Eu corri, assim que o puseram no chão, assoprei a poeira de cima e espirrei. Minha mãe riu-se um pouco e disse-me que eu aprenderia a tocar aquilo. Aquilo, eu nem sabia o que era, mas de certa forma, senti a ligação que poderia acontecer. Aos 12 anos, tocava em minha igreja, e era bom. Aos 13 escrevia sinfonias inteiras, e as tocava para minha família. Me debruçava sobre aquele móvel, que eu sentia que era meu. Minha inspiração e porto seguro. Como uma grande amiga... A única coisa que eu sabia que me pertencia por completo.